Doenças respiratórias, como as epidemias de influenza, estão relacionadas ao manejo incorreto da temperatura nos galpões
Em meio à pandemia provocada pelo novo coronavírus, lembramos de 2009: pandemia de gripe suína. No México, o vírus H1N1 sofreu uma mutação, passou a infectar humanos e em questão de meses se espalhou pelo mundo. Mas afinal, como os suinocultores podem evitar doenças respiratórias no rebanho? É o que vamos saber agora.
Vírus influenza H1N1 tipo A
A gripe suína é uma doença respiratória causada pelo vírus influenza H1N1 tipo A. Os suínos são importantes hospedeiros, já que são suscetíveis às infecções por vírus influenza de origem aviária e humana. Ou seja: são animais que possuem receptores para as cepas dos vírus da gripe de ambas as origens. Isso quer dizer que ocasionalmente o vírus pode ser transmitido de seres humanos para suínos. Por isso, para a manutenção sanitária dos rebanhos brasileiros, é importante que as medidas de biosseguridade sejam tomadas para prevenir a infecção dos suínos.
Como se manifesta nas criações?
As epidemias de influenza aparecem quando atingem uma população imunologicamente indefesa ou quando há uma confluência de vários fatores, como problemas sanitários nas criações, frio, infecções bacterianas secundárias ou infecções virais. A influenza ocorre em suínos do mundo todo, principalmente em países de temperaturas mais baixas, e tem sido encontrada em suínos frequentemente associados com doença clínica. Estes vírus permanecem endêmicos e são responsáveis por uma das mais prevalentes doenças respiratórias de suínos.
Quais são os sintomas apresentados pelos animais?
Os produtores devem ficar atentos aos sintomas da influenza, que são semelhantes aos observados em humanos e idênticos aos provocados por outras amostras de influenza comuns aos próprios suínos. Geralmente, é uma combinação de sintomas que aparecem de forma súbita e em várias fases da produção. Entre eles, podemos destacar: febre, dificuldade respiratória, tosse, falta de vivacidade, perda de apetite, secreção nasal, secreção ocular, vermelhidão dos olhos e espirros. Os sinais clínicos podem afetar um pequeno número de animais ou até 90% do rebanho, atingindo suínos de todas as idades.O responsável pela granja não deve permitir que animais apresentando sintomas sejam encaminhados para o abate.
Quais medidas preventivas adotar nas granjas?
Entre as medidas preventivas, podemos destacar:
Carne suína NÃO é fonte de disseminação
A gripe suína foi reconhecida pela primeira vez como uma doença dos suínos durante a pandemia de gripe espanhola de 1918 a 1919. Em 1974, o vírus influenza de suínos foi diagnosticado pela primeira vez em humanos. A carne suína produzida a partir das boas práticas de higiene recomendada pela Organização Mundial da Saúde não é fonte de disseminação do vírus da influenza.
Palavra da especialista
De acordo com a médica veterinária Heloiza Nascimento, cuidar do ambiente onde vivem os animais é essencial para que desenvolvam boa imunidade e não sejam desfiados. “O controle de temperatura e o manejo da cortina devem ser realizados corretamente para garantir o conforto térmico nas granjas”, diz ela. “A sensação de frio impacta negativamente no sistema imunológico, e os suínos têm maior propensão à contaminação porque podem se infectar com o vírus influenza via mamíferos e também via aves”, alerta Heloiza. Lembrando que a umidade nas granjas é outro fator negativo, portanto, ambientes secos ajudam no controle de doenças.