Muitas vezes, o sucesso de uma cadeia produtiva de suinocultura é constatado de acordo com índices quantitativos. Entretanto, o que realmente garante a entrada e a permanência de uma marca no mercado é a qualidade da carne. Nesse contexto, para alcançar as demandas dos consumidores, o produtor não pode errar nas etapas iniciais (principalmente durante a criação de leitões), pois delas depende a produtividade das categorias subsequentes.
A fase neonatal, o período de desmame e as primeiras semanas após a transição às instalações nas fases de crescimento e terminação são as etapas mais críticas na criação de suínos. Por isso, fazer o manejo adequado, que deve começar antes mesmo do nascimento dos leitões, é fundamental para reduzir a mortalidade, além de ser determinante no ganho de peso até o abate.
Mas o que exatamente é necessário fazer para estimular o bom desenvolvimento dos leitões e garantir a produtividade da fazenda? E como a nutrição na fase inicial influencia a produção? Continue a leitura deste post para descobrir!
Em relação ao manejo na fase inicial da criação de leitões, algumas práticas são determinantes para o sucesso da produção. Os cuidados se iniciam antes do parto das ninhadas, com a adequação da maternidade. Logo após o nascimento, é preciso remover os restos fetais (líquidos e membranas), cortar e desinfetar o cordão umbilical e a cauda, prover conforto térmico e colocar em contato com o úbere da porca para a primeira mamada.
Como os leitões nascem com os sistemas termorregulador e imunológico pouco desenvolvidos, demandam cuidados especiais do suinocultor. Isso sem falar que os fatores ambientais afetam negativamente os animais caso não estejam ajustados para seu bem-estar. Em oposição, se a ambiência for mantida e as práticas de manejo seguidas à risca, o desempenho dos suínos é potencializado.
Dessa forma, após a maternidade ter sido devidamente preparada para receber a porca, com sala seca, higienizada, calma e aquecida, entre 16 e 22°C, alguns cuidados devem ser tomados na criação de leitões. Confira!
Logo ao nascerem, os leitões devem ser limpos e secos. Como eles ainda têm dificuldade para regular a temperatura interna, essa prática reduz sua perda de calor corporal.
É preciso remover os líquidos fetais e as membranas (principalmente da boca e das narinas) para desobstruir as vias respiratórias. Também é recomendado que se massageie a região dorsolombar para ativar a respiração e a circulação dos leitões.
É preciso ter especial atenção ao corte do cordão umbilical, pois essa é uma importante porta de entrada para agentes patogênicos, o que desencadeia inflamações localizadas e infecções generalizadas, além de poder causar hemorragias fatais.
Saiba desde já: o cordão deve ser cortado de 3 a 5 centímetros abaixo do abdome e o coto umbilical mergulhado em solução de água com iodo. Cabe ressaltar que isso deve ser feito logo após o parto, com a maternidade e as ferramentas em boas condições de higiene.
Os suínos são extremamente sensíveis a alterações de temperatura. Aliás, esses são os principais causadores da inativação do sistema imune dos leitões nas primeiras semanas de vida.
Para evitar o estresse térmico e a possibilidade de ocorrência de doenças, a temperatura ideal para eles deve ser de aproximadamente 32°C. As fontes de calor podem ser lâmpadas comuns ou especiais, campânulas, aquecedores ou mantas de aquecimento de piso. A temperatura deve ser constantemente monitorada.
Os anticorpos que fazem parte do sistema imune dos leitões são transferidos para eles através do colostro, substância secretada pelos mamíferos no pós-parto.
A concentração de imunoglobulinas do colostro é mais alta nas primeiras horas após o nascimento, bem como a capacidade de absorção das células do intestino dos leitões. Isso significa que os animais absorvem os anticorpos da mãe com rapidez em suas primeiras horas de vida. É imprescindível, portanto, que a ninhada receba o colostro imediatamente após o parto, diminuindo os riscos de infecções.
O corte do último terço da cauda dos leitões é uma ação preventiva contra o canibalismo, comum entre os suínos. O corte deve ser feito nos primeiros 3 dias de vida com equipamentos que cortem e cauterizem simultaneamente.
A remoção ou o desgaste dos dentes é uma prática rotineira na suinocultura, que objetiva reduzir as lesões cutâneas nos leitões e nos tetos das matrizes. Vale destacar, porém, que a ação vem sendo bastante questionada por ser muito invasiva e dolorosa, prejudicando tanto o bem-estar dos animais como seu desempenho zootécnico.
Estudos que avaliam a relação entre o manejo do corte dos dentes e o ganho de peso da leitegada demonstram que essa prática é desnecessária. Além disso, a portaria 195, de 4 de julho de 2018, proíbe o corte de dentes com alicates e só tolera o desgaste do terço final da cauda quando houver lesões graves na matriz ou leitegada.
O ferro é um elemento essencial para a constituição da hemoglobina, proteína presente nas hemácias, células responsáveis pelo transporte de oxigênio no organismo dos mamíferos.
Esse mecanismo está ligado ao processo de regulação da temperatura corporal, pois é necessária uma grande concentração de oxigênio nos tecidos para tal. Além disso, a anemia pode causar baixo desenvolvimento, baixa taxa de conversão alimentar e maior tendência a infecções. Leitões que não recebem suplementação de ferro apresentam mortalidade entre 9% e 60%.
Entre os cuidados essenciais para o bem-estar dos leitões está o fornecimento constante de água, desde o primeiro dia, mesmo no aleitamento. O desmame ocorre entre 21 e 35 dias, de acordo com as particularidades de cada granja. De toda forma, com uma semana de vida eles devem começar a receber algum tipo de alimento sólido.
Um estudo realizado pela Embrapa explora o fornecimento de suplementação alimentar a leitões lactentes como alternativa importante para aumentar o peso, reduzir a mortalidade por hipoglicemia (que leva à hipotermia) e uniformizar a leitegada.
As estratégias nutricionais são possibilidades vantajosas, pois suprem as necessidades energéticas das ninhadas — mais numerosas hoje que há 15 anos, devido aos melhoramentos genéticos.
A taxa de mortalidade na criação de suínos é extremamente elevada entre os 3 e 7 primeiros dias de vida. As causas são complexas e devem ser avaliadas com cautela em cada propriedade para que o produtor realize as devidas medidas corretivas.
O manejo adequado com os leitões e sua vitalidade do nascimento até o abate determinam quase inteiramente o êxito na suinocultura. Portanto, é nesse período em que os maiores cuidados devem ser concentrados.
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Fonte: https://nutricaoesaudeanimal.com.br/cuidados-na-criacao-de-leitoes/